terça-feira, 28 de julho de 2009

O curioso caso de Janis Joplin


Alguém aqui gosta de Janis Joplin? Eu não. Acredito que a quase totalidade dos leitores desse blog também se alinhe com a minha posição. Na verdade, conheci pouquíssimas pessoas que fossem fãs da ídola hippie, a tal “cantora branca de voz negra”. E o comentário geral que ouço é que todos acham o som “xarope” demais, chato mesmo, talvez só tragável para estudantes do quinto semestre de antropologia de universidades federais.

Para piorar a situação, as únicas vezes em que escuto Janis Joplin são por meio de cantoras iniciantes, insuportáveis e sem sal, que insistem em entoar versões à capela de Mercedez Benz, meio que para tirar onda. Mas isso é um nicho muito específico, somente comparável ao de guitarristas que testam seus instrumentos na loja tocando Stairway to Heaven, do Led Zeppelin, ou o arpejo de Paganini imortalizado por Steve Vai no filme Crossroads.

Vez ou outra, também leio sobre Janis Joplin em revistas de música e comportamento, lembrando de como ela era doidona, coisa e tal. Mas são sempre histórias meio deploráveis, que vão desde o dia em que um fotógrafo brasileiro recusou uma “transa” com a ídola hippie, por ela estar com bolachas Maria coladas nas costas nuas e suadas, até o dia em que foi sacaneada em sua cidade natal — Port Arthur, no Texas — mesmo depois de se tornar famosa. Ah, tem também as peripécias de Janis Joplin no Rio de Janeiro com o namorado brasileiro Serguei, mas essas histórias ninguém sabe exatamente se são realidade ou imaginação causada pelo alto consumo de substâncias lisérgicas.

Enfim, o que quero dizer é que Janis Joplin está, ao mesmo tempo, em todo lugar e em lugar nenhum. Ou seja, todos a conhecem, mas ninguém a ouve, o que gera uma espécie de contradição. Numa analogia pífia, é como a febre dos produtos da Amway nos anos 90: se ninguém os comprava, como os vendedores da base da pirâmide poderiam ficar ricos?

A minha impressão é que, um dia, os organizadores do Rock’n`Roll Hall of Fame vão, simplesmente, decidir retirar o nome de Janis Joplin de lá. A ação inédita virá pela óbvia constatação de que ninguém mais conhece música alguma da "cantora branca de voz negra" - exceto Mercedez Benz, talvez.

31 comentários:

  1. Cara, não só concordo como acho que o mesmo vale pro Bob Dylan.

    Abs

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  2. Fala, Renato. Valeu pela visita e pelo comentário.
    Em relação ao Bob Dylan, serei obrigado a discordar de você. Apesar de não sacar muito da obra dele, considero-a de grande relevância para a história do rock, vide sua influência para Beatles, Jimi Hendrix e mais meio mundo. E se viermos para os dias de hoje, notamos que esse renascimento do folk e o lançamento de discos como Modern Times ainda conseguem manter Bob Dylan em voga. Isso não é pouca coisa, na minha opinião.

    grande abraço.

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  3. Sim, sem dúvida. Mas, minha analogia foi em relação ao fato dele ser um artista que muita gente diz gostar, mas quando o assunto é citar alguma música, a grande maioria fica no "Knockin' on Heaven's Door" ou "Like a Rolling Stone" e pára aí.

    Mas, é lógico que um cara que influenciou uma galera desse quilate e que teve uma importância inestimável naquele caldo primordial do rock nos 60 sempre esteve e estará a anos-luz da Janis Joplin.

    Mas, que eu acho chato pra caramba, eu acho, hehehehe

    Abrax

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  4. Errr... eu gosto da janis joplin...

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  5. Vc foi muito legal com ela em falar que o som dela era xarope...
    Acho ruim.... nego gosta dela pela atitude, não pela música, não é possível.

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  6. pinduca...
    coloca essa enquete ai...
    só pra ver
    valeu

    [polldaddy poll=1795138]

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  7. Concordo 100% que ela está ao mesmo tempo em todo lugar e em lugar nenhum... é o famoso "conheço, mas nunca ouvi".

    Aproveitando, parabéns pelo blog, virou leitura obrigatória.

    Abraço, d.spot

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  8. Renato: É verdade, as pessoas conhecem poucas músicas do Bob Dylan. E sobre achá-lo chato, eu mesmo tenho uma certa dificuldade de ouvi-lo. Costumo preferir as versões de outros artistas para suas músicas (vide, All Along the Watchtower, com o Hendrix).

    Mari: Não sabia que você tinha mau gost...quer dizer... apesar de eu criticar a JJ, eu mesmo vejo qualidades na obra dela. Tem (poucas) coisas legais, sim :)

    Ed: Valeu pelo comentário. Em relação à enquete, vale lembrar que sou um verdadeiro analfabeto tecnológico, que não consegue nem disponibilizar músicas no blog. Acho que o meu lance é texto, mesmo.

    Daniel: Valeu pela visita. Fico feliz que esteja gostando do blog. Para mim, surgiu como um exercício de linguagem e vontade de tornar minha vida jornalística um pouco mais divertida. Tô começando a achar melhor do que ter banda :)

    abraços a todos

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  9. Cara, a janis entra na minha categoria ( totalmente pessoal ) Ledzepelin de bandas.Explico: É aquele tipo de som tão reverenciado pelos fãs, e ao mesmo tempo pouco ouvido ( os chamados 'clássicos' ) , que me dá asco só de imaginar aquela coisa tocar no meu som. E pior: Os fãs enchem tanto a minha paciência que, a genialidade da figura,artista ou banda - seja Led Zep, Cure, Janis ou tantos outros - vão pro saco. Simplesmente não ouço e ponto.
    E se ouvi um dia, não tenho mais a mínima paciência de ouvir novamente.
    Este é um dos efeitos colaterais de trampar de dj... E dá-lhe Raul Seixas. TOCA RAUL!!!!!!!!

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  10. Além de não gostar, acho que tenho trauma. Meu querido pai insiste em colocar Summertime, entoado pela doce Janis, para tocar na noite de Natal! Também lembrei da época da faculdade em que uma guria SEMPRE cantava Mercedez Benz a capela nas festinhas e me deixava com vergonha por ela. Fora o Serguei...
    Obrigada por trazer à tona tão boas lembranças! ;)

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  11. Será que depois dessa também posso confessar que não gosto de Elis Regina?

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  12. Zeca: Entendo seu ponto de vista. Realmente, você citou bandas que tem fãs bastante chatos. Apesar de tudo, gosto de Led Zeppelin e Cure - mas também não ouço mais.

    Flávia: Ouvir Summertime no Natal deve ser super alto astral, hein? Caramba, peça para o seu pai, que, por favor, mude a trilha sonora. Até Jingle Bells parece mais interessante :)

    Gabi: Pode confessar, sim. Também tenho dificuldades com Elis Regina. Até reconheço o inegável valor dela, mas acho a "vibe" meio densa demais. Mais deprê que Elis só mesmo Gonzaguinha.

    abraços para todo mundo

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  13. Falou e disse Pinduca! Tinha uma ex namorada minha que dizia que gostava, acho que era só por dizer mesmo pois nunca a ouvi ouvindo. Ela tinha um onda meio hippie doidona por aí acho que veio a conexão, hahaha...

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  14. Pinduca,
    Sou um grande fã da sua pena e acordes, mas serei obrigado a discordar de você. Deve ser porque venho de uma geração que ainda tinha Janis como uma diva. Mas eu sou fã da cantora. Reconheço que muito da vibe dela na mídia vem pelo fato dela ter morrido aos 27. Era feia, gorda, desleixada, gritava... Mas o que eu realmente curto nela - junto com Led Zeppelin, nos meus 12 anos, foi o que me levou a conhecer blues - é que ela SENTIA a música.
    Vai ver que é porque eu sou um velho - rerere... Tenho toda a discografia dela em vinil e cd, embora, reconheça, já não os ouça com frequência... Assim como Hendrix ou até Led. Dos 60, ainda ouço os Beatles - sempre! -, Dylan, Byrds - porque baixei a discografia completa por esses dias.
    Enfim, entendo seu ponto de vista. Mas quero só dizer que eu GOSTO da Janis.
    Abração

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  15. Fu: Pois é, acho que muita gente - principalmente, jovens hippies - fala que gosta de Janis Joplin mais de onda do que de fato. E o som acaba ficando em segundo plano.

    Olímpio: Eu fiz esse texto, em parte, como piada. Na verdade, não ouso questionar muito os clásicos: se tornaram-se clássicos, é por algum motivo. Em geral, quando não gosto, digo que ainda "não entendo" aquele som. E, se fosse para escrever o texto de uma forma mais séria, acho que diria isso de Janis Joplin: que não entendo o som dela. Mas resolvi optar por um certo ar irônico e de deboche, para tornar o texto mais leve e porque acredito também ter uma certa verdade no que falei.
    No caso de Janis Joplin, acho que ela sofre um mal meio parecido com o The Doors (banda da qual sou fã): o som é xarope demais, passa um pouco da conta. E isso faz com que fique um pouco datado, na minha opinião. Se você pega o Hendrix, por exemplo, a música continua mais atual, sem tantas conexões com o movimento hippie.
    De qualquer forma, Janis Joplin era uma pura cantora e nem tenho como discordar disso.
    Valeu pela particpação e pela leitura do blog. Essas troca de opiniões é o que torna a coisa estimulante.

    abraços

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  16. Eu sou fã da cantora em questão. Aconselho a todos ouvir o álbum "Pearl", de 1971, gravado poucos meses antes de Janis Joplin morrer. A primeira canção, Move Over, é um rock de primeira, Cry Baby está lá, um blues que vai do suave da voz à gutural rouquidão negra, coisa que só ela fazia. Mercedes Benz é desse disco inclusive. Vale a desconhecida canção Me and Bobby Mcgee, de Kris Kristoferson, último namorado dela e que só ouviu a canção depois dela gravada e morta. Janis Joplin é como The Doors: um trauma para metaleiros dos anos 90. Inclua Os Mutantes nessa lista aí também. Abrex, Pinduca.

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    1. Concordo plenamente Bruno, e dez anos apos esses comentários..... So posso afirmar que rolou um preconceito do amigo Pinduca para a mesma Nhá amada Jannis..... Lutando eternamente pelo respeito e direito ao libre arbítrio..... Cada um no direito de curtir o que gosta sem precisar agradar ao próximo. Simplesmente respeitar, nesse mundo tem lugar para todos.....

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  17. Bruno: Valeu pela participação. Janis Joplin é que nem alguns amigos chatos que todo mundo tem: você sabe que o cara (ou a garota) tem bom coração, mas reconhece também que ele é chato. O cara, mesmo sendo chato, não deixa de ser seu amigo, mas te incomoda e "te ancora" em diversas ocasiões sociais.
    Essa é, às vezes, a minha sensação ao ouvir o som arrastaaaaaado de Janis. De qualquer forma, como fã de The Doors, reconheço que uma xaropagem às vezes é bom.

    abç.

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  18. Não sou tao fã assim, mas acho que para compreender ela e muitos outros de sua geraçao, tem que entender o contexto social da época, a contra cultura, o movimento beat, etc... mas é inquestionavel, que ela foi uma grande expoente na sua época e virou um mito, na sua linha de pensar, podemos dizer de quase todos os artitas do passado, todos se falam fã de Elvis, beatles, Hendrix, Door etc... lista imensa, que vc nao ouve com frequencia, tem ate o cd ou antigo vinil, que raramente sao tocado, desta lista que falei, quantas vezes vc ouviu nos ultimos 12 meses, eu particulamente acho uma cantora incrivel, tanto por sua voz, carisma, atitude, etc, gosto é gosto, só acho um pouco grosseiro fazer um post dizendo que a mesma é chata etc. do mesmo modo o door, o jim morrison sempre louco, com maneirismo e jeito viadinho, claro que o cara pegou muita doida, mas comparando, ele nao é um primor de voz, e suas letras sao meios infantis, vale mais pelo contexto , rebeldia, contestaçao dos atos, etc.. tenho um blog, nao sobre musica, se puder dar uma olhada la, www.observador-umolhardocotidiano.blogspor.com, um abraço.Nei Andrade

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  19. Nei, se eu fosse fazer um texto “sério” e para um grande público, também diria que Janis Joplin é uma cantora fora de série. Isso ninguém pode negar. No entanto, a intenção do post era chamar a atenção para um outro aspecto, menos musical e mais sociocultural. Como se trata de um blog pessoal, tomei a liberdade de escrever um texto em tom de desabafo, como se fosse para meus amigos mais próximos. Além disso, como já disse em outros comentários, utilizei-me de uma linguagem exagerada, superlativa, para dar realce a esse perfil irônico e debochado.
    Agora, se me encomendassem um texto sobre JJ para uma revista de grande circulação, não escreveria desse jeito. Certamente, seria mais equilibrado e tentando enxergar os dois lados da balança.
    Em suma, assim como você, considero Janis Joplin uma grande cantora, mesmo que não faça parte do meu gosto. Neste sentido, não ouso questionar muito os clássicos - a menos que seja neste contexto pessoal e irônico, como detalhei antes.
    Valeu pela leitura do blog.

    Abraço.

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  20. Eu tbm gosto da Janis e da Elis.

    Bem verdade que minha opinião não baliza muita coisa, porque eu gosto de muita porcaria (assuuuuuuuuuumo). Mas também gosto de coisa boa (digamos as consideradas boas).

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  21. Pô, e eu me amarro no Bob Dylan. E curtia a bandinha do filho dele, Wallflowers. Será que ainda existe?

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  22. Thelma,

    Bob Dylan é legal, mesmo. O talendo dele é incontestável. Eu é que tenho dificuldade para entendê-lo.

    Quanto ao Wallflowers, bem, talvez seja melhor apenas do que...Bon Jovi. Mas tem uma ou outra coisa legalzinha. Eu jogaria uma boa porção de sal neles...

    Elis e Janis também são, obviamente, muito boas cantoras, clássicos. Só acho o som das duas muuuito denso. E isso me dá um pouco de agonia.

    abs.

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  23. Uma das vozes mais marcantes da história do rock and roll, Janis Joplin é referência até hoje para todas as gerações. deixou um grande legado aos apreciadores de um som de qualidade, com clássicos inesquecíveis como “Piece Of My Heart”, e “Kozmic Blues”. esse povinho sem cultura que estao falando merda ai nem sabem de nada !!! Vocês deveriam lavar essas latrinas que chamam de boca,antes de falar de Janis Joplin e Led Zepplin,Quem são vocês,bandos de babacas! Aposto que curtem Justin Bieber,certeza que curtem!!

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  24. Você não deve ter ouvido nada dela.se já ouviu e não reconheceu sua qualidade é pq vc deve ter como referência de boas cantoras Paula Fernandes e joelma.

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  25. Vai lá e faz melhor então espertão!

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  26. Desculpas,mas mt pouco não sabe ok era uma cantora de verdade, músicas e voz igual não existe mais.

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  27. Se Janis Joplin realmente é esse nada que vcs estão falando porque cita-la no blog? O que eu acho amigos que a vida é feita de temperos, existem pessoas de todos os jeitos e algumas tem um algo a mais por isso se destacam, como Janis Joplin. Se tem alguém que é nada aqui são vcs. Aliás cai nesse blog por acidente.

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