Este espaço foi criado para a exposição de alguns pensamentos sobre música e outros assuntos do cotidiano.
sábado, 15 de agosto de 2009
Eu estive em Woodstock
O título deste texto é, obviamente, uma frase de efeito. Não, eu não tenho idade para ter estado em Woodstock, nem mesmo na barriga da minha mãe. De qualquer forma, optei por este enfoque porque acredito que tanto eu quanto todos os que já foram a grandes festivais - como Rock in Rio, Hollywood Rock e Lolapalooza, entre outros - tiveram contato, de alguma fora, com uma parte significativa do legado do festival mais importante da história do rock.
Sim, porque, mesmo que não tenha sido o primeiro festival (Monterey Pop veio antes, em 1967), Woodstock se tornou a matriz para qualquer grande evento roqueiro que se preze. Se festivais modernos utilizam sua plataforma para propagar mensagens positivas, de combate a fome na África a sexo seguro, isso é herança de Woodstock. Se as bandas aproveitam a oportunidade diante de um grande público para fazerem discursos de cunho político e social, isso também tem muito de Woodstock. Até nas já banalizadas doações de alimentos como desconto do ingresso de shows existe um pouco do espírito de Woodstock.
Pessoas da minha geração, nascida na primeira metade da década de 70, tiveram um misto de encantamento e repulsa ao assistirem, já nos anos 80, ao famoso documentário Woodstock – Onde Tudo Começou, dirigido por Michael Wadleigh e ganhador de Oscar (1970). Encantamento pela liberdade que aquelas cenas proporcionavam: jovens em clima de paz e amor, andando nus e unidos na luta por um ideal, algo inédito para nós até então. A repulsa, paradoxalmente, vinha de um local muito próximo ao da admiração: o excesso de liberdade mostrado no filme “confrontava” a nossa caretice e pragmatismo. Além disso, o passar dos anos já havia revelado alguns desvios naquela forma de conduta flower power – o filme Forrest Gump retrata esses equívocos de maneira bem interessante - o que, para nós, acabou culminando na disseminação do termo pejorativo “hippie sujo”.
Não quero me aventurar a falar muito sobre o que não conheço a fundo. Na verdade, essa postagem é um pretexto para fazer uma homenagem aos 40 anos do lendário festival, que contou com importantes nomes da música, como Jimi Hendrix, The Who, Santana, Janis Joplin, Sly and Family Stone, Joe Cocker, entre outros. Não importa se a sua preferência é o punk rock, o mod, a música eletrônica, o indie ou o reggae, Woodstock é item praticamente obrigatório para quem quer se aprofundar no conhecimento da música pop.
Aliás, nessa comemoração de quatro décadas de Woodstock, muitos veículos estão publicando matérias bastante interessantes sobre o assunto, o que tem me servido para aprender mais sobre aqueles três dias de "paz, amor e música". O texto mais interessante que li até o momento foi do crítico musical do New York Times, Jon Pareles, publicado ontem (14) no jornal O Globo. Na matéria, Pareles – que, ao contrário de farsantes como eu, esteve de fato no festival - relata sua experiência em Woodstock e aproveita para fazer uma análise do que o evento teve de tão especial e sua herança (positiva e negativa) para a música e a sociedade.
PS: Talvez por questões de direitos autorais, o jornal O Globo não disponibilizou em seu site o texto de Pareles. Procurando no Google, acabei achando-o no UOL. Quem quiser conferir a versão em português, está aqui. Ou então, tem a versão em inglês também.
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