terça-feira, 8 de dezembro de 2009

29 anos sem John Lennon


Há exatos 29 anos, morria John Lennon, assassinado pelo fã(nático) Mark Chapmann quando voltava para o edifício Dakota, onde morava em Nova Iorque. Na vaga lembrança dos meus seis anos de idade, ainda me recordo do apresentador Fernando Vanucci anunciando o falecimento do beatle, no encerramento do Globo Esporte. Naquela época, eu não sabia quem era John Lennon e nem mesmo os Beatles, mas o clima de comoção na voz do apresentador da Globo e das pessoas ao meu redor me marcou a ponto de manter o fato vivo na memória até hoje.

Demorei a descobrir a genialidade de John Lennon. Como costumo dizer, sou fã tardio dos Beatles: acabei “descobrindo” – na verdade, deixando os preconceitos de lado em relação a – o grupo a partir de uma fita do Sgt. Pepper’s emprestada por um amigo em 1995. Como grande parte dos sons que nos conquistam, aquelas músicas caíram em minhas mãos no momento certo, numa fase pessoal de melancolia - e um certo psicodelismo - que batia bem com a mensagem por trás do disco lançado em 1967. Além disso, eu já possuía ferramentas musicais suficientes para entender aquele som.

Arrebatado pela rica musicalidade dos Beatles, passei a prestar atenção nas letras e melodias de John Lennon. Devo confessar que demorei também a entender sua grandiosidade como letrista – algo que sempre havia lido a respeito nas revistas de música. Cria dos anos 80 que sou, achava que letras interessantes deveriam trazer algo de hermético, como fez muito bem Ian Curtis, ou irônico, como nos ensinou Morrissey, ou mesmo trazer algumas figuras de linguagem e referência à Literatura, tão bem utilizadas por Renato Russo. John Lennon expandiu a minha visão ao revelar como uma letra extraordinária pode ser, simplesmente, direta e confessional, construída a partir de palavras simples (querem exemplo melhor do que Jealous Guy?).

Mas, geralmente, quando tratamos de um gênio, não podemos falar só de uma qualidade. Além do lado confessional, John Lennon também sabia como ninguém, em suas letras, ser bem humorado (Being for the Benefit of Mr. Kite), psicodélico (Lucy in the Sky with Diamonds), falar nas entrelinhas de um caso extraconjugal (Norwegian Wood), expressar sua angústia durante um período conturbado (Help), tratar de questões espirituais (Across the Universe ou God). Nas melodias e harmonias, Lennon também era brilhante, conseguindo unir tradição (Revolution é um rock’n’roll básico) e estruturas nada convencionais, como Strawberry Fields Forever, Tomorrow Never Knows e Revolution 9.

Numa entrevista à revista Rolling Stone em dezembro de 1970, John Lennon diz se considerar um bom guitarrista, por saber levar bem o ritmo na base. O beatle também era um excelente vocalista. Mais do que tudo, o que esses talentos revelam é que John Lennon tinha uma visão global de música e sabia muito bem como deveria funcionar uma banda, lição aprendida desde os seus tempos de The Quarrymen.

Bem, não sou daqueles caras que conhecem Beatles ou mesmo a carreira solo de Lennon com profundidade e, certamente, outros amigos escreveriam esse texto com muito mais propriedade do que eu. Na verdade, o intuito desse relato é apenas apresentar uma visão pessoal da obra de John Lennon, aproveitando para prestar uma homenagem a um dos maiores ícones do século XX.

14 comentários:

  1. Também me tornei um fã tardio dos Beatles. Sabe como é, né, foi pela cultura punk de cuspir em ícones que entrei no mundo do rock. Meu pai sempre foi um conhecedor do quarteto e nada é mais inconcebível para um punk do que ouvir o mesmo que os pais. Lembro de falar pro Gabriel que a camisa dos Beatles que ele usava sujava o nome da banda, hahahaha.

    Minha fase psicodélica foi em 1997, trinta anos depois do Sgt. Peppers. Mas a minha porta de entrada no universo Beatles foi o Magical Mistery Tour. I am the Walrus, Strawberry fields forever e Blue Jay Way mudaram completamente a minha relação com o rock.

    Belo texto, Pinduca, pra variar.

    Abs

    ResponderExcluir
  2. belo texto, pinduca.
    lennon ainda é O cara!

    ResponderExcluir
  3. Renato: Valeu. Nossas trajetórias são muito parecidas nesse sentido: o punk rock também me fechou os olhos para muita coisa. Depois é que eu pude expandir a minha mente. A propósito, me amarro no Magical Mystery Tour também. Além das canções consagradas, acho legal o disco trazer uma música instrumental (Flying). Gosto muito de Blue Jay Way também: é meio obscura e traz aquelas viagens típicas do George Harrison.

    Olímpio: Valeu. Também acho que Lennon é O cara. A propósito, quando falei, no final da postagem, que amigos escreveriam o texto com mais propriedade do que eu, estava me referindo implicitamente ao Fernando. Dos caras que conheço, ele é um dos que mais saca de Beatles e Lennon.

    Abraços

    ResponderExcluir
  4. BEATLES foi a primeira banda que me foi apresentada ainda no berço. Quando morávamos no RIO nos anos sessenta, minha irmã mais velha tinha TODOS os L.P's. Do Beatles sou conhecedora(sem falsa modéstia)!!!!!
    Por: Leocádia Joana

    ResponderExcluir
  5. Pinduca,
    Recuso-me a definir John Lennon como gênio. Gênio musical vá lá mas de resto... Famoso como era, John poderia ter mordido qualquer gata da época mas acabou nos braços de uma das maiores bruacas de todos os tempos, a chatérrima e mala sem alça Yoko Ono. Os outros Beatles tinham verdadeira ojeriza dela. Se fosse um gênio de verdade Lennon teria, sabiamente, se enroscado com Brigitte Bardot ou Ursula Andress. Sorry.

    ResponderExcluir
  6. Leocádia: Pois é. Como disse no texto, sou um beatlemaníaco tardio e ainda estou no caminho para conhecer profundamente o grupo. De qualquer forma, estou sempre consultando meus amigos que sabem bastante da história dos Fab Four quando tenho alguma dúvida. Vou incluí-la neste seleto grupo.

    Débora: Você tem razão. Acho que não fui claro quando chamei John Lennon de gênio: eu estava me referindo ao campo estritamente musical. Na parte amorosa, também acho que ele estava mais para idiota do que para qualquer outra coisa – quer prova maior do que se casar com a maleta Yoko Ono? De qualquer forma, vou expressar uma opinião muito pessoal: não acredito muito nessa história de gênio (em todos os campos). Einstein, pelo que já ouvi falar, não era dos melhores maridos; Nietzsche, então, mal conseguia se relacionar; e mesmo Leonardo da Vinci não parece ter obtido sucesso no campo amoroso. Então, quando digo gênio, acho que já excluo automaticamente esse lado da vida privada.

    Abraços.

    ResponderExcluir
  7. Fiquei arrasada mesmo quando o G.Harisson faleceu(aquele que tinha as canções mais tristes),ainda mais quando vi uma foto do sir McCartney mortalmente derrotado. Sem querer desmerecer a importância do Lennon p/ a música, mas na hora que vi aquela foto dele e da esposa pelados-em-nome-da-paz, pensei: precisa se despir de tudo-literalmente pra promover a paz? Ser pacifista é isso?????

    ResponderExcluir
  8. Esqueci de dizer: postado por Leocádia aí em cima.

    ResponderExcluir
  9. CARLOS,
    Você me acha medíocre? É que ME XINGARAM assim quando eu disse que não conheço nenhuma banda-internacional-sem-relevância que sempre vem aqui.
    Fiquei muito sentida, pois fui praticamente banida do blog(pior que o dono do site nem se pronunciou). E então? Tu me achas estúpida?


    post scriptum: por favor não apague esse desabafo!!!!!
    por:Leocádia Queixosa.

    ResponderExcluir
  10. Leocádia: Também sou super fã do George Harrison: talvez ele seja o meu Beatle preferido. Quanto ao ato pela paz do John Lennon e da Yoko Ono, acho que esse lance de ficar nu tem mais a ver com a propria época em que foi feito (e se tornou meio moda). Mas é algo que também nao tem muito a ver comigo.

    Sobre os xingamentos que fizeram a você em outro blog: bem, estou certo que não tem nenhum sentido medir a grandeza de uma pessoa pelo numero de bandas (atuais) que ela conhece. Isso sim é que é mediocridade.

    abs.

    ResponderExcluir
  11. Você é um fofo,Carlos! Brigadã0 por me incluir em seu seleto grupo, não sou intelectual nem tão inteligente quanto você. Sou apenas uma curiosa que gosta de ler muito. Aliás não tenho lido mais O Globo porque na biblioteca pública as assinaturas foram canceladas por falta de verba(?). Agora cê vê. Falta-de-verba pública em pleno D.F.!!!!!

    ResponderExcluir
  12. Ah! Esqueci de dizer: o show do Autoramas ontem foi "the best", Carlos! Cê perdeu, menino!!!!!

    por:Leocádia.

    ResponderExcluir
  13. Leocádia: Poxa, tava a fim de ir ao show do Autoramas, mas acabei tendo outros compromissos. Acredito que tenha sido bem legal, mesmo.

    Sobre a falta de verba do GDF: realmente, é uma piada.

    abç.

    ResponderExcluir