Este espaço foi criado para a exposição de alguns pensamentos sobre música e outros assuntos do cotidiano.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
Haverá outro caminho para o Lab Clássicos?
Durante as manhãs, costumo assistir à faixa de programação Lab Clássicos da MTV, enquanto me arrumo para o trabalho. Geralmente, fico com a TV ligada das 7h15 às 7h55, revezando entre a MTV e o telejornal Bom Dia Brasil. Quando a matéria jornalística é interessante, deixo na Rede Globo. Quando o clipe é bom, fico na MTV. Vez ou outra, a parada é dura e, então, me pego trocando rapidamente de um canal para o outro, a cada 10 segundos, para ver se consigo pegar as duas informações.
O Lab Clássicos é a faixa que mais gosto na MTV: primeiro, porque é concentrada apenas na exibição de videoclipes, deixando de lado o perfil adolescente adotado pela emissora nos últimos anos; segundo, porque os clipes, geralmente, são de bandas legais. Hoje, por exemplo, peguei a seqüência: Soundgarden, Mad Season, Hüsker Dü, Minutemen e fIREHOSE. Gostei da lógica da programação: começando com bandas de Seattle (Soungarden e Mad Season), partindo para o que as influenciou na cena indie norte-americana dos anos 80 (Hüsker Dü e Minutemen), e terminando no elo entre Minutemen e fIREHOSE: o baixista e herói indie Mike Watt.
Apesar dos méritos evidentes na programação do Lab Clássicos, guardo também minhas críticas. Uma delas é ter a impressão de que alguns clipes se repetem bastante. É o caso de There’s No Other Way, do Blur. Sempre que me deparo com esse vídeo, vem-me a pergunta: — Será que não há outro clipe do Blur no acervo da MTV? Bom, é lógico que tem. De cabeça, já lembro de Coffee and TV, Tender, Song 2, Country House e Boys and Girls. Mas, por algum motivo, There’s No Other Way tá sempre lá, imbatível.
Outro ponto negativo no Lab Clássicos: a programação costuma se focar muito nas décadas de 80 e 90. A explicação é meio lógica: o formato atual do videoclipe e própria a MTV surgiram nos anos 80. Então, a quantidade de clipes produzidos de lá para cá é muito maior do que nos anos 60 ou 70. Mesmo assim, tenho a impressão de que a coisa poderia ser mais bem balanceada. É muito difícil ver, por exemplo, um vídeo do Chuck Berry, do Led Zeppelin ou do Jimi Hendrix. Cantores clássicos da música negra norte-americana, então, como Curtis Mayfield, Marvin Gaye ou Supremes, ou outros reggaes que não sejam Bob Marley, são quase impossíveis de serem vistos. De repente, eles passam antes ou depois de eu ligar a televisão. Mas acho que seria muito azar da minha parte me deparar tanto e quase tão somente com There’s No Other Way.
Um terceiro ponto: a faixa de programação se chama Lab Clássicos, mas, na verdade, tornou-se um espaço para clipes antigos, de artistas não necessariamente consagrados. Já vi vídeos de grupos meia boca da década passada, tipo Spin Doctors. Se não me engano, rolou um do “regueiro branco” Snow outro dia também. Ora, isso não tem nada de clássico. Na verdade, teria mais lógica a faixa se chamar NAFTALINA (ou algo do gênero), nome que a Transamérica já usou num programa que se propunha a tocar velhos hits.
A impressão que fica é que a MTV parece ser hoje dominada por funcionários membros de bandas independentes paulistas, os quais acabam impondo as suas preferências musicais na programação. Nesse ponto, acaba sendo mais fácil assistir a um clipe do Pavement ou do Blur do que de outro do Frank Zappa ou do Deep Purple. Se não for isso, a causa do desequilíbrio no Lab Clássicos só pode ser fruto de displicência e preguiça dos programadores, mesmo.
Por fim, sei que, em termos de produção, seria mais caro e trabalhoso, mas aquele formato do antigo Clássicos MTV, apresentado pelo Fábio Massari, era perfeito. Além de passar os clipes, o Reverendo (acho meio ridícula essa alcunha, mas precisava de um sinônimo) ainda dava informações valiosas sobre os artistas apresentados. O programa era informativo e, ao mesmo tempo, divertido. Ah, e só exibia clássicos de verdade.
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Infelizmente, tirando esse programa Lab (que é mesmo cheio de incoerências), a MTV acabou. Ficou reduzida a um programão de auditório cujo maior pecado, a meu ver, é subestimar a inteligência do telespectador, adolescente ou não. Como assinante da Sky não tenho mais acesso ao canal. Acho que não perdi muito, pelo visto.. É até besteira comparar, mas melhor ver Jools Holland, que tem atrações mais variadas e um som ao vivo perfeito. Parabéns pelo Blog, Pinduca.
ResponderExcluirfalou e disse, Marlos. mesmo sem assistir MTV há uns bons anos, sempre desconfiei desse parentesco entre bandas e a programação do canal.
ResponderExcluirde qualquer forma [e sei que falo por muitos], o espaço do Reverendo (o verdadeiro!!) agora é aqui! :)
poste mais coisas, Prot(o), pq além de escrever muitíssimo bem, sei que vc tem bastante coisa para contar.
nota 10!
Valeu, Fernando e Txotxa, pela força. MTV tá fraca mesmo, se bem que deu até uma melhoradinha ultimamente. Mas, se tivesse SKY, só assistiria ao Jools Holland, que é muito melhor.
ResponderExcluirabs.