sexta-feira, 7 de maio de 2010

Teclado: o "patinho feio" do rock











Antes de ser guitarrista, quase fui um tecladista. Eu sei, essa é uma confissão meio embaraçosa de se fazer para quem hoje empunha o instrumento-símbolo do rock. Mas, nos áureos tempos da minha infância, estimulado pela presença de um pequeno sintetizador Casio VL-Tone em meu lar, cheguei a sonhar em ser uma espécie de novo Jean Michel Jarre (e poder tocar com teclas de raio laser em palcos de todo o mundo). Sorte minha que, em determinado momento da minha trajetória musical, uma guitarra "pau de rato" Jennifer e um pedal de distorção tosqueira caíram em minhas mãos, livrando-me de um futuro de preconceitos e dificuldades dentro do rock.

Sim, porque, se existe um instrumento malvisto no gênero musical criado por Chuck Berry e seus asseclas, esse instrumento se chama T-E-C-L-A-D-O. Não sei exatamente quando tal preconceito surgiu e nem tive muito tempo de pesquisar, mas que atire a primeira pedra quem nunca ficou impaciente com as primeiras notas do solo da versão ao vivo de Light My Fire, do The Doors. — Que saco! Tira essa música chata aê!!! — já ouvi muitos amigos gritarem, torcendo o nariz para as belas notas empunhadas pelo tecladista cool Ray Manzarek. E o que dizer dos longos e virtuosos solos do maestro tecladista Jon Lord, do Deep Purple? Talvez tenham sido os trechos musicais mais xingados e/ou questionados da história do rock, mesmo que, muitas vezes, durassem apenas a metade do tempo das frases palhetadas pelo guitarrista e parceiro de banda Richie Blackmore. Discípulo de Lord, o mago Rick Wakeman foi outro que, por conta de suas longas e intrincadas composições, chegou até a ganhar uma dedicatória-protesto na música Short Songs, dos punks Dead Kennedys, que continha apenas um verso: I like short songs (traduzindo: eu gosto de músicas curtas).

Fazendo uma análise bem superficial, diria que parte do preconceito com os tecladistas se deve, contraditoriamente, à sua rica e tradicional formação musical. Ora, se o rock é um gênero em que a visceralidade e a atitude são muitas vezes mais valorizadas do que a própria música, o teclado acaba sendo um símbolo de caretice nesse universo onde os excessos são idolatrados. E, no próprio palco, convenhamos, enquanto o vocalista, o guitarrista, o baixista e o baterista estão se movimentando e "batendo cabeça", o que está fazendo o tecladista? Tocando sentado — ou em pé, mas parado como um poste —, geralmente, olhando com cara de entediado para os seus parceiros de banda se divertirem. Com tamanha desvantagem em termos de atitude, não há fã juvenil que volte de um show de rock dizendo: — Papai, quero ser tecladista.

Lembro que, na minha adolescência, quando o punk rock estava no topo da minha predileção musical, fiquei super decepcionado ao assistir a um show do The Clash na TV, no qual a banda contava com um tecladista de apoio. O pior é que o cara era filmado exatamente na hora em que suas mãos bailavam do começo ao fim das teclas, demonstrando um virtuosismo incompatível com os meus ideais na época. Lamentei profundamente a presença daquele tecladista em meio aos meus ídolos do The Clash e demorei a perdoar aquela escolha equivocada feita pela minha banda predileta.

Tentando compensar esse lado — desculpem-me o termo — "bundão" do teclado, a indústria de instrumentos musicais até tentou buscar alternativas, como a invenção nos anos 80 do teclado em formato de guitarra, para dar mais mobilidade e "radicalidade" ao instrumentista. No entanto, por ser adotado principalmente por grupos pop (no Brasil, o conjunto Polegar talvez seja o exemplo mais conhecido), o teclado-guitarra logo virou motivo de piada entre os músicos e a própria platéia, o que o levou a cair no ostracismo. Na década seguinte, os integrantes de grupos como EMF e Jesus Jones também tentaram dar uma nova roupagem ao teclado: agora, ele vinha em cores fosforescentes e era jogado para cima durante todo o show, por tecladistas com visual modernoso (para a época). Mas essa nova tentativa de "desencaretar" o teclado também naufragou, haja vista que, em meio a uma excessiva preocupação com a estética, os tecladistas dos grupos EMF e Jesus Jones se esqueciam do básico: tocar o instrumento.

A ascensão da música eletrônica nos anos 90 trouxe o teclado para um novo patamar: o instrumento passou para frente do palco, sendo tocado por componentes tão drog... quer dizer... cool quanto os guitarristas, baixistas e bateristas dos grupos de rock tradicionais. Além disso, os excessos cometidos em termos musicais ao longo das décadas anteriores — solos gigantescos nos anos 70 e timbres emulando (de forma tabajara) instrumentos reais nos 80’s — foram substituídos por execuções mais discretas e espertas. A palavra de ordem passou a ser “camadas”, numa referência às várias gravações de teclado ou sampler presentes em uma música, sempre discretas e criadas para dar um clima na faixa.

Boa parte das bandas de rock atuais já agregam essa nova ordem do teclado concretizada pela música eletrônica. Hoje, a participação do instrumento nas composições é bem mais comedida e o teclado já não representa tanta tradição e caretice como anteriormente. De qualquer forma, boa parte do preconceito ainda persiste e não estranhe se, num belo dia, você estiver ouvindo uma música repleta de teclados e for censurado por amigos, que, simplesmente, não aturam o som desse instrumento tão rico, mas, ao mesmo tempo, tão pouco compreendido no rock.

20 comentários:

  1. Fala, Pinduca. Aqui vai o depoimento de um cara que começou na guitarra, passou pelo baixo e acabou um dia enganan, quer dizer, tocando teclado em uma banda.

    Eu adoro Jon Lord e Ray Manzarek, e gosto de muitas coisas do Rick Wakeman. Assim como adoro também Rick Wright, Arnaldo Baptista (era tecladista também, não podemos esquecer) e as "camas" de teclado que o John Paul Jones fazia no Led Zeppelin. Sem contar os grandes pianistas do rock, como Little Richards, Jerry Lee Lewis e até o Freddie Mercury. Mas aí não é teclado, você pode dizer, e concordo inteiramente. Mas foi a partir desses dois primeiros que as coisas foram evoluindo. Ou regredindo, de acordo com alguns.

    O problema, na minha opinião, é o desfavor que a música progressiva fez ao instrumento, no final dos anos 70. E, principalmente, o estrago feito pelos anos 80 e suas bizarrices como o citado Jean Michel Jarre e sua cria brasileira, o Luiz Schiavon ("nos teclados, Luiz Schiavon!", quem não se lembra disso?).

    Enfim, muito bom o texto, como todos os outros do blog. Já pensou em lançá-los em um livro?

    Abração!

    Daniel Cariello

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  2. Pinduca, eu quase sou uma flautista irlandesa e sempre o serei. Digo, possuo uma tin whistle, mas não toco. Tharsis tocou no The Crane Bar ontem. Foi emocionante! Hoje meu marido e eu escutamos Prot(o). Bons tempos!

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  3. Muito boa essa questão. Lá em casa, a Geórgia chama todo e qualquer tecladista de Arakem (o showman da Copa de 86) e manda tirar na mesma hora que coloco para tocar qualquer um deles. Hoje a coisa está mais tranqüila, e já consigo colocar o Booker T. sem ter que me defender.

    E isso me lembrou de um ponto que talvez tenha ajudado nesse preconceito das pessoas com o instrumento: o fato de alguns tecladistas funcionarem como banda de um homem só. O pianista vai precisar sempre de algum parceiro musical para "animar" um ambiente (a não ser nos tempos de Velho-Oeste), já o tecladista...

    De repente, lá no fundo de todos nós, o teclado ainda seja associado àquela bateriazinha mendiga, àqueles acordes que funcionam apenas com uma tecla e ao sangue de picanha nos forros de papel manteiga dos rodízios de carne.

    Curiosamente, esse descompasso visual entre o tecladista e o resto da banda não acontece na música negra em geral, né? Nos shows do finado Bobito, por exemplo, um dos caras que mais agitava era Tyrone Downie (o tecladista dos Wailers).

    U

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  4. Pinduca, pelo menos vc não acabou empunhando um daqueles famigerados "teclados guitarra", hehehehe.

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  5. Belo post, meu rei...
    Ótima discussao gerada. Aqui na Bahia, por exemplo, o carnaval era feito por bandas de rock. Os trios tocavam rock and roll, inclusive Luiz Caldas (o pai da coisa) tocava cover do Led Zeppelin na avenida... Aramandinho tambem é dessa escola, beatlemaniaco... E a coisa comecou a ficar ruim quando? Quando meteram teclado na parada.

    Enfim... No primeiro disco da brincando de deus um critico de Sao Paulo disse que a banda sabia usar os teclados muito bem. O unico problema é que no disco só tem guitarra.

    Abracos.
    Cury.

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  6. poxa Pinduca, tem coisa mais escrota do que ir num programa de variedades que é apresentado aos domingos à tarde empunhando um teclado guitara e fazer playback? Ah, junto com o baterista que leva só as baquetas, a caixa e um prato e fica fingindo que ta acompanhando a musica também?! Bons tempos do polegar, hein?! Abração

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  7. Daniel: Legal receber sua visita no blog. Também gosto de todos os tecladistas e pianistas que você citou. Se bem que, para ser sincero, já discuti muito com o Quim sobre o Jon Lord, na época em que ele curtia ouvir Deep Purple (e Rainbow) nas viagens de carro do Maskavo. Mas o próprio Rick Wakeman, cujos excessos foram tão ojerizados pelos punks, gravou coisas interessantes com o David Bowie, por exemplo – não conheço muito bem a carreira solo dele. E até o Schiavon tem seus méritos!!! De qualquer forma, acho que o preconceito com o teclado tem muito a ver com o que você falou: com os desfavores feitos pela música progressiva seguidos pelas as bizarrices feitas dos anos 80. Com certeza, isso acabou com o moral do instrumento. Quanto a lançar um livro, já pensei e “despensei” sobre o assunto. Sei lá, por enquanto, vou escrevendo os posts. Quando (ou se) achar que já dá para reunir algo legal, de repente vira um livro. E, por falar nisso, quando você vai lançar um livro com os seus excelentes textos?

    Ana: Legal saber que você é quase uma flautista: essa Tin Whistle tem um som bem interessante. Não sabia que o Tharsis tava aí na Irlanda. Legal, hein. Ele tocou com os irlandeses? Qual foi o repertório? Sobre o Prot(o): fico feliz que você ouça a banda até hoje.

    Txotxa: Engraçada essa história de a Geórgia chamar os tecladistas de Arakem. A propósito, a idéia desse texto surgiu de uma reclamação da Manu do solo de Light My Fire, num dia em que ouvíamos a Kiss FM. Foi ali que me deu um estalo de que muitas pessoas tinham preconceito com o teclado. Aliás, interessante essa comparação entre o teclado e o piano: realmente, o fato de o primeiro ser instrumento de um homem só ajuda a reforçar essa fama de som de churrascaria. Quanto aos tecladistas na música negra: ao escrever o texto, cheguei a lembrar do Stevie Wonder, do Jimmy Smith, do Booker T. e até do Alan Price, do Animals, e do cara do The Band (que não são negros), como exemplos positivos de tecladistas. Acabei não me aprofundando na questão. Mas, com certeza, esses caras já usavam o instrumento de uma maneira brilhante, com a medida certa entre presença e discrição. A propósito, não me lembrava do tecladista do Bob Marley agitando. Vou ver um vídeo no You Tube para sacar isso. É o mesmo cara que tocava com o Ziggy Marley & Melody Makers naquele vídeo de 1988/89?

    Renato: É verdade. Mas sabe alguns amigos e conhecidos meus tiveram um daqueles teclados-guitarras? Era muito bizarro e engraçado, ao mesmo tempo.

    Cury: Legal essa sua análise da perda de qualidade da música tocada nos trios-elétricos, em associação com a entrada do teclado na parada. Já sabia que o Luis Caldas era roqueiro, mas nunca tinha pensado nisso. Quanto ao Armandinho, sou fã dele: o cara é muito fo@#. Sobre a crítica equivocada do disco da brincando de deus: realmente, não tem nem o que comentar. Chutaria até que, infelizmente, já vi erros piores na nossa imprensa musical.

    Vinsa: Haha. Você acabou de citar a formação de banda mais escro** que existe: um componente com teclado-guitarra e o baterista que só leva as baquetas, a caixa e os pratos. Polegar mandava “muito bem” nesses tipos de apresentações em programas de TV.

    Abraços a todos.

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  8. Leocádia Joana disse:
    Carlinhos, no dia em que tiveres um livro publicado logicamente irei com prazer na noite de autógrafos. Gosto de músicas dos anos oitenta com tecladinhos e amo The Doors por conta disso.
    pós-escrito:enjoy aí "Make it Wit Chu" do Queens of the Stone Age - adoro essa lentosa e queria lhe dedicar com açúcar e com afeto!!!!!

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  9. Pinduquinha do meu coração,

    Ótimo o post sobre o teclado. Diverti-me à beça principalmente na parte em que vc cita a inesquecível e mega thrash banda Polegar cujo vocalista Rafael Ilha caiu em desgraça por causa de seu envolvimento com drogas como maconha, cocaína e crack. Só não concordo muito quando você diz que o teclado não permite grandes movimentações corporais. Jerry Lee Lewis, o famoso roqueiro pedófilo, fazia o diabo no piano que é nada mais, nada menos do que um teclado super anabolizado. É ou não é?

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  10. Pinduca, muito interessante essa sua análise. A discriminação dos tecladistas no rock é uma dessas coisas óbvias, mas das quais não se fala muito. Sobre os tecladistas mencionados, legal ter lembrado os caras do EMF e Jesus Jones. Bandas que eu gostava (talvez ainda goste, vou ouvir de novo), mas estavam esquecidas em algum canto do meu cérebro. Mas esses tecladistas estavam para suas banadas assim como o Bosstone estava pro Mighty Mighty Bosstones, ou o Bez para o Happy Mondays. Mas na real, acho que o único tecladista que eu de fato respeito no mundo do rock é o Roddy Bottum do Faith no More. A impressão que eu tenho é que a contribuição dele pro som da banda foi uma coisa única no rock. Algo discreto, mas ao mesmo tempo inconfundível.

    Grande abraço,

    Andre Gusmao.

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  11. Débora: Com certeza, Jerry Lee Lewis é um grande pianista (e, conseqüentemente, tecladista) e quebra esse padrão que expus no texto. Acabei não me focando muitos nesses primeiros pianistas do rock, tipo Jerry Lee e Little Richards, por considerar que o lado "organístico" do instrumento ainda não estava totalmente formatado nos anos 50. Mas, se redigisse o texto novamente, talvez me aprofundasse mais no assunto. Quanto ao Rafael Ilha, deixando o lado humorístico um pouco de lado, fico com pena dele. Casos como o dele acabam revelando um lado bem triste e massacrante do showbizz.

    André: Com certeza, o tecladista do Faith No More é excelente. Conseguiu dar um toque de classe e ser econômico num gênero (metal) onde as participações costumam ser espalhafatosas. Resumindo: o cara é muito "stylon". Acabei não falando de alguns tecladistas "modernos" dos quais gosto. Um deles, como bem me lembrou um amigo, é o Robert Coombes, do Supergrass (irmão do vocalista da banda, Gas).

    Abraços aos dois.

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  12. Oi Pinduca, ele tocou/cantou Cat Stevens e Beatles com irlandeses e um galês (meu marido, que é fiddle player). Foi no esquema irlandês, no improviso. Tô ouvindo Só o Começo agora. A favorita é Suando Bem, Suando Quente:)

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  13. Vc nao sabe qdo o (pre)conceito surgiu?
    Eu te digo: qdo os tecladistas comecaram a tocar.
    Se um dia eu virasse ditador, minha primeira medida seria apagar todos os teclados da historia do rock. Deixava só o baixo do The Doors. Mas ai era baixo, num conta.

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  14. Ao contrário de Luma eu incentivaria Keane, Faith No More e Coldplay a continuarem com seus teclados e/ou pianos!

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  15. Luma: Haha. Seu comentário é engraçado e polêmico. Pelo jeito, você odeeeiia teclado. A idéia do texto era mostrar exatamente a rejeição a esse instrumento, tão rico em termos harmônicos. Pessoalmente, costumo gostar de teclados, principalmente quando os considero bem colocados na música. Mas já vi muita coisa escr*** também.

    Ana: Como disse ao Luma, eu gosto de teclados. Dessa sua pequena lista, eu só não sou muito fã de Coldplay. Keane e Faith No More eu acho nota 10. Apropósito, legal esse esquema de o Tharsis tocar Cat Stevens e Beatles aí na Irlanda. Lembro dele tocando algumas músicas de Cat Stevens no ensaio do Prot(o).

    Abraços aos dois

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  16. Por falar em teclados, tô na maior onda "primeiros discos do pink floyd" hahaha coerência é tudo nessa vida.
    E sábado tem show do Stevie Wonder.
    Abração
    LM

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  17. Esse preconceito deve ter surgido mesmo depois dos anos 60, pois nessa época o teclado (no caso órgão eletrônico) reinava absoluto, vide o uso dele nas músicas, com a Jovem Guarda no Brasil, o rock no exterior (The Doors, The Animals, Deep Purple), etc. Falta é tecladita com personalidade, solando com timbre de órgão alá Ray Manzarek e dane-se o resto. Guitarra tem hora tb é um PORRE mas ninguém fala nada, parece que o guitarrista é intocável.

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  18. Carai, Stevie Wonder entrou no palco com... advinha... Um teclado-guitarra! hahahaha Ridículo, mas ele pode.

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  19. Amigo, procura pesquisar sobre um instrumento chamado Hammond Organ, aí você vai ver o que é um instrumento de teclas ter moral em qualquer banda, de qualquer estilo musical. "Teclado" é algo muito vago, pois tem piano, piano elétrico, órgão Hammond, órgão transistorizado, piano acústico, sintetizador, sampler... Então vá com calma, e não ponha tudo no mesmo balaio, pois não é assim! E não sei de onde você tirou que solos de caras como Jon Lord e Ray Manzarek são tão criticados. Em rigorosamento dos os shows que vi de bandas como Deep Purple, Whitesnake e The Doors, os solos desses caras eram aplaudidíssimos, e levantavam o público.

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  20. Este comentário foi removido pelo autor.

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