domingo, 18 de abril de 2010

A incrível dificuldade de um blogueiro em "entender" shows históricos














No último sábado (17/4), o cantor e compositor norte-americano Jonathan Richman, ex-líder do Modern Lovers, se apresentou no Circo Voador, tradicional espaço de shows do Rio de Janeiro. A apresentação era cercada de espectativa por boa parte dos fãs brasileiros de música alternativa , por se tratar da primeira visita de Richman ao País. Para quem não conhece, o Modern Lovers, banda formada no início dos anos 70 na cidade de Boston (EUA), está na base da árvore genealógica do punk rock, influenciando artistas das mais variadas sonoridades e magnitudes: de Ramones a U2; de Talking Heads a Sex Pistols e The Clash; de Blondie ao indie rock moderno. Além disso, Richman é aquele cancioneiro que narra a — e aparece cantando na — comédia arrasa-quarteirão "Quem vai ficar com Mary?", dirigida pelos irmãos Farelly em 1998.

Em contraponto à notoriedade da atração da noite, apenas umas 50 pessoas estiveram presentes no show de Jonathan Richman — acompanhado do baterista Tommy Larkins — no Circo Voador. De passagem pelo Rio, eu estava entre os "felizardos" que puderam conferir uma apresentação que, de tão intimista, ganhou imediatamente uma aura de clássica. Afinal, não é todo dia que se pode assistir de perto e de forma tão exclusiva uma figura de tamanha relevância para a história do rock. Para se ter uma idéia, em determinado momento o público começou a pedir músicas para Richman, que ficava decidindo qual pedido deveria atender. O ídolo punk estava ali, do nosso lado, tão tocável e real quanto uma banda iniciante de uma cidade do interior.

A despeito dessa aura clássica, o único problema foi a qualidade musical do show: abaixo da média. O que se via ali em cima do palco era quase uma improvisação, com Richman puxando uma música no seu violão de nylon e Larkins tentando acompanhá-lo na bateria. Em determinados momentos, o ex-líder do Modern Lovers se afastava do microfone para dançar ou tocar percussão, impedindo que os espectadores ouvissem tanto o som do violão quanto o de sua voz. Obviamente, quem conhece a carreira solo do cantor sabe que o esquema é mais ou menos esse, mesmo: meio largado musicalmente, com foco nas letras e na performance tresloucada de Richman. De qualquer forma, não é muito interessante ver um cantor mudar, no meio da música, o tom de uma composição de sua autoria, como se a estivesse tocando errado até aquele momento. Esse lapso (ou faz parte do show?) não aconteceu uma vez apenas, mas várias. Cheguei a ouvir Richman, durante uma canção, falar consigo mesmo ao microfone: — A little bit higher (traduzindo: Um pouco mais alto) — para , a partir daí, subir em um tom a canção, para que ficasse mais adequado à sua voz.

Ao longo do show, muitos pensamentos me vieram à cabeça. O primeiro foi: — Será que as pessoas presentes na platéia gostariam daquelas composições, caso não soubessem que elas eram do ícone Jonathan Richman? Tipo assim: se o pai de um fã de indie rock lhes desse de presente um CD com aquelas canções meio latinizadas (algumas são cantadas em espanhol, italiano e francês), sem contar quem era o seu compositor, talvez a maior parte do público achasse aquilo meio esquisito. Também criei uma conversa imaginária com David Byrne e Jerry Harrison, ex-integrantes do Talking Heads (banda chapa dos Modern Lovers), em que eu começava assim: - Fui a um show de Jonathan Richman no Brasil e achei meio estranho. E um dos ex-membros do Talking Heads responderia: - Haha. Richman surtou nos anos 70 e ainda não voltou à normalidade. Às vezes, até me preocupo com ele. Minha terceira elocubração (como arremedos de conclusão) daquela noite foi pensar em como as super produções, de uma Beyoncé ou uma Madonna da vida, muitas vezes são importantes, mesmo que em alguns casos possam recair em certa frieza. Afinal, a partir do momento em um artista sobe ao palco, ele assume uma espécie de compromisso com o público de lhe conceder um espetáculo ou, ao menos, entretenimento. O punk rock (e o próprio Richman) quebrou esse padrão mainstream, mas, às vezes, é saudável recorrer a ele, só para dar uma equilibrada no excesso de largação e informalidade na relação público x artista.

Diante de tantos questionamentos em meio a um evento de público reduzido, senti-me impelido a baixar a cabeça sempre que tinha vontade de bocejar durante o show, para não "ferir os sentimentos" de Richman. Tudo bem que nos momentos em que tocou hits de sua carreira solo e dos Modern Lovers, como Pablo Picasso, I Was Dancing in the Lesbian Bar e She Cracked (ele não tocou o grande sucesso Roadrunner), a coisa até deu uma esquentada. Mas, na maior parte do tempo, o que prevalesceu foi algo aquém de uma apresentação aceitável do ponto de vista musical. Certamente, outros espectadores hão de discordar da minha opinião meio conservadora, até porque Jonathan Richman sempre simbolizou a figura do anti-herói. A postura de ser contra — ou, simplesmente, não ligar para — o sistema começa um pouco nele e nos Modern Lovers e, mesmo com todas essas...digamos...deficiências sonoras, o show desse sábado no Circo Voador foi, no mínimo, singular - provavelmente, "o mais singular" de toda a minha vida.

Essa dificuldade de "entender" apresentações históricas e clássicas me remete ao show que o Nirvana fez no Brasil, em 1993, no Hollywood Rock. Compareci à apresentação do grupo de Kurt Cobain na Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro, certamente uma das mais emblemáticas que já presenciei na vida: Cobain rastejou no palco, cuspiu para as câmeras de TV, ironizou o patrocinador do festival e ainda colocou seu "bilau" para fora da calça. De qualquer forma, não foi um dos melhores shows, no sentido musical da coisa, a que assisti na vida. Em certo momentos, devo confessar, achei-o até entediante. Umas das minhas lembranças mais fortes desse dia é a de Flea, baixista do Red Hot Chilli Peppers, tocando um trumpete muito chinfrim e fora do tom no hit "Smell Like Teen Spirits" - o que, obviamente, estragou a música.

Na saída do show do Nirvana, lembro-me de conversar com um crítico musical do jornal O Globo, que, empolgado, disse acabar de sair de uma apresentação clássica. Meio desanimado, eu discordei dele, sem entender como um show sem qualidade musical poderia ser considerado tão histórico assim. Hoje, depois da morte de Cobain, e, principalmente, após um punhado de shows nas costas (como espectador e músico), compreendo melhor a visão daquele jornalista. De fato, nem sempre é a música que define o grau de importância de um show. De qualquer forma, talvez por uma falta de noção histórica, ou um excesso de compromisso com a música, ou mesmo uma posição mais conservadora diante da vida, ainda trocaria um par de apresentações históricas por um mero show ordinário, mas bem acertado musicalmente.

12 comentários:

  1. olha, pinduca... meu favorito até hoje, esse post.

    abraço!

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  2. Pinduca fofolete do meu coração,
    mais um texto em cima, preciso, delicioso de ler. Muitas vezes comparecemos a eventos em nossas vidas sem perceber muito bem que estamos entrando para a História. Estar em um show quase por acaso que depois transforma-se em um evento histórico é bem isso aí. O Festival Woodstock ocorrido em 1969 deve ter marcado a vida de muitos mas aposto que houve bastante gente à época que achou tudo uma bela merda. Assistir a shows tendo que lutar contra mau tempo, lama, racionamento de comida e condições mínimas de higiene não deve ter sido nem um pouco divertido. Woodstock atraiu muito mais gente do que o esperado e por isso aconteceu o colapso estrutural e logístico. No entanto, os artistas mais populares da época e a enorme multidão meio drogada que compareceram a fazenda localizada na cidade rural de Bethel, no estado de Nova York tornaram o festival um evento lendário, mágico, único, lembrado e imitado até hoje. Lembro-me também do relato assombrado de um amigo meu brasileiro que estava em berlim como turista justamente no dia em que os alemães decidiram pôr abaixo o maldito muro que dividia a nação. Sem saber da importância daquele momento histórico, decidiu não participar da enorme algazarra cívica porque estava de olho em uma beldade local que, bêbada como um gambá, flertava com ele na rua.
    Meu amigo trocou facilmente o muro pelo amasso com a alemoa em um quarto de hotel e anos depois insistia em dizer que NUNCA se arrependera. Já a alemã...

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  3. Simply Red também fez show no Brasil.
    Alguem foi no Pontão, galera ?

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  4. Pinduca, no caso específico do Nirvana, acredito que o buraco é mais embaixo. Aquele show foi o show que eles sempre fizeram. Acontece que no coletivo brasileiro, talvez ainda provinciano, uma banda que vende doze milhões de copias tem de fazer um super show à la Madonna, Michael Jackson, Guns and Roses e U2 (pra citar os contemporâneos do Nirvana). Imaginávamos uma apresentação ensaiadinha, com luzes, limpinha, afinada... o pop perfeito, como os shows dos citados acima. Mas o que o Nirvana fez foi nada mais do que o show que sempre fez a vida inteira: desafinado, tosco, mal tocado, sujo... Venderam doze milhões de copias dessa forma, porque então mudariam a forma de agir no palco? Por essa ótica, dou ponto pra eles.

    Abração, meu rei.
    Cury.

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  5. Discordo totalmente do Cury! Agora cê vê, menino, se vou pagar bilhete caro, sair de casa, enfrentar engarrafamento pra ver show mal feito?! Desrespeito com os fãs, pra dizer o mínimo. A apresentação do tal de Jonathan pelo visto foi um toletão, hein? Tadinho de tu!
    Ademais eu estava MORRENDO de saudade de ti, Carlinhos! Não nos deixe mais "de castigo", pois a blogsfera fica hiper sombria sem seus textos bem redigidos.
    BESOS MIL!!!!!

    pós-escrito: "Falta do Sol" do grupo Eddie(por falar em blogueiro sumido) e "Free Feeling" do Tom Pettty estão entre as minhas músicas favoritas. Presentinhos singelos pra ti.

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  6. AI...esqueci novamente! Essa aí acima sou eu - Leocádia Joana Garibaldi Pinto.

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  7. Pinduca, my friend.

    Concordo com tudo que vc disse. Falta de profissionalismo é um cacete. Assisti ao Nirvana tbém em 1993 em Sampa e o show foi deprimente. Fiquei tão puto que não quis mais ouvir a banda durante um tempão. Pra mim isso é picaretagem da grossa. No mais, Motormama lança seu 3º CD "Aloha Esquimó". Ouça lá: www.myspace.com/bandamotormama
    abs e inté, Régis

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  8. Cara, muitas coisas. E sempre os seus textos inspiram muitas coisas. Vou tentar ser pontual - e chato , como você verá.
    -Cara como historiador ( de uma área qualquer, não necessariamente de música) eu entendo como clássico algo que leva tempo para ser destilado, apropriado, referendado a ponto de se tornar um clichê. Não acredito nesta coisa de um evento acabar de ocorrer e logo se tornar um 'clássico' . Não. Literalmente o tempo torna algo clássico e não existe uma fórmula do tipo 'tem que ter tantos anos para se tornar um clássico'. Mas, com certeza não boto fé em clássicos instântaneos - e a imprensa, especialmente a musical - força uma barra sinistra quanto a isto. Vide por exemplo o tanto de gente que ia na onda do Pepe Escobar da Bizz ( entre eles, o garoto de 15 anos aqui).
    Outra questão que emerge no seu texto, em e alguns dos comments é a questão do profissionalismo. Isto é complicado pracas. As vezes o que faz o cara ser 'o cara' é justamente o seu descompromisso. Mas e aí? Vi um vez o Cure, em 96. Os caras estavam errando tanto que não dava pra disfarçar no telão. Eu, na qualidade de fã, acho isto péssimo. E neste sentido alguns grupos - muitos deles norte americanos - levaram este aspecto profissional ao extremo oposto. Os caras tem simplesmente marra pra fazer qualquer coisa - poses, entrevistas e tal - deixando de lado a espontaneidade da coisa. Este último elemento, essencial para o chamado clássico - em minha percepção na música pop.
    Mas não posso deixar de perguntar: Foi no show do Agent Orange no Rio?

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  9. olá pinduca
    só agora descobri seu blog. Bem legal. Como estão os projetos musicais?
    flavio campos

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  10. Pessoal,

    Desculpem, mais uma vez, a demora numa resposta. Estava viajando e só retornei ontem a Brasília (e, conseqüentemente, ao meu computador):

    Miguel: Legal que você gostou do post. Acho que muitas (ou algumas) pessoas já se sentiram como eu em shows como esse de Richman: por um lado, sabendo que se tratava de um show importante; por outro, questionando a qualidade da apresentação.

    Débora: Haha. Engraçado o seu relato. Se eu fosse o seu amigo, acho também que não me arrependeria em perder a queda do Muro de Berlim por uma noite com uma “alemoa”. Brincadeira. Na verdade, acho que gostaria de ter participado de um evento tão importante como esse. Mas a minha impressão é que, depois da mitificação, muitos eventos históricos se tornam maiores do que realmente foram no momento em que aconteceram. Já li alguns relatos que descascavam o festival de Woodstock, por exemplo, falando como foi desagradável estar no meio daquele lamaçal. De qualquer forma, o que eu gostaria é de um dia participar de um evento histórico mais agradável e com uma qualidade sonora melhor do que os que eu já presenciei.

    Pedro: Coincidentemente, o Simply Red tocou no mesmo Hollywood Rock do Nirvana, em 1993. Eu fui ao show deles e, apesar de não ser grande fã da banda, posso dizer que foi uma apresentação competente, recheada de sucessos. O guitarrista, inclusive, era um brasileiro (Heitor TP).

    Cury: Entendo seu ponto de vista e acho-o importante até para contrabalancear um possível provincianismo da minha parte (e do público brasileiro, em geral). No caso, ainda discordo um pouco de você em relação à qualidade do show do Nirvana. Para mim, eles não tinham que se portar nem ter uma super produção a la Madonna ou U2 – embora o palco do Nirvana tenha sido um dos mais bonitos que já vi na vida. Mas veja os casos de REM ou o Neil Young: fizeram excelentes shows no Brasil sem recorrer a produções espalhafatosas. Só vieram e tocaram bem e honestamente, dentro do mais puro espírito do rock. Apesar de não ser expert em Nirvana, acho que aqueles shows no Brasil foram um pouco mais caóticos do que o “normal”. Ali, para mim, já está revelada um profundo desânimo do Kurt Cobain, que culminaria no suicídio dele, um ano depois. Acredito que os shows da banda, pré-Nevermind, por exemplo, não fossem tão caóticos como os do Brasil, mesmo que o Kurt Cobain se jogasse na bateria vez ou outra. Mas, sei lá, são só suposições e impressões da minha parte. Mas, como disse, acho sua opinião super importante para mostrar um outro lado da moeda. Valeu mesmo.

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  11. Leocádia: Como você, também prefiro shows mais acertados musicalmente. De fato, o excesso de informalidade no show de Jonathan Richman me incomodou bastante, assim como o show doidão do Nirvana. Mas, como disse para o Cury (um grande conhecedor de música), acho que a opinião dele é importante para mostrar outros lados da questão aqui no blog. Sobre as músicas: também me amarro em “Falta de Sol” e “Free Falling”. Pode deixar, que vou tentar não sumir mais.

    Régis: Pos é, a impressão que Kurt Cobain passava – pelo menos, nessa etapa mais famosa da carreira – era a de que não queria estar em cima do palco. Aquilo (o palco) parecia um suplício para ele. Mas quem acabava pagando o pato, muitas vezes, era o público. Quanto ao Jonathan Richman, o mais doido é que o show dele parece ser sempre meio frouxo desse jeito que relatei. De fato, o cara é muito maluco, mas o show fica um tanto enfadonho sem uma mínima produção. Sobre o novo CD do Motormama: já gostei do nome. Tô ansioso para ouvir. Vou dar uma passada no My Space (na verdade, já comecei a escutar a música “Preciso me Vingar Oh Babe” – bem legal, com naipe de metais!!!).

    Prof. Marcelo: Concordo em gênero, número e grau com a sua visão do que é “crássico”. Como jornalista, preciso apenas confessar que acredito em alguns clássicos instantâneos. Um amigo cinéfilo me disse que o filme “Os Bons Companheiros”, do Scorcese, é tão foda que, no ano seguinte ao seu lançamento, já constava entre os maiores da história do cinema. Algo semelhante ocorreu com o disco “OK Computer”, do Radiohead. Na minha leiga opinião, esse lance de clássico instantâneo rola quando a crítica e o público se vêem diante de uma obra absolutamente espetacular e singular. Obviamente, o conceito de clássico instantâneo foi banalizado pela própria imprensa musical e qualquer mané hoje em dia tem a sua obra classificada dessa forma. Quanto ao lance do descompromisso no rock, você analisou a questão muito bem. Obviamente, não vou cobrar uma atitude careta de um gênero musical que nasceu para ser rebelde. Mas, a partir do momento que a rebeldia virou uma máscara, vale a pena até questioná-la (junto com o falso descompromisso). De qualquer forma, vale ressaltar que Cobain e Richman são artistas fodas e genuínos, mas, de alguma forma, na minha visão, o excesso de descompromisso acabou com o show deles.
    Sobre o show do Agent Orange: vacilei. Cheguei a ir à porta do show, mas murrinhei a grana, pelo fato de já ter assistido ao show deles aqui em Bsb e ter gasto uma grana no show do Social Distortion e do Jonatahn Richman naquele final de semana. Me arrependi. De qualquer forma, o show do Social Distortion foi “du caraleo”. Valeu a pena. Mas com o Agent Orange, eu vacilei bastante.

    Flávio: Legal você ter descoberto o blog. Os projetos musicais tão meio devagar. Tô retomando algumas coisas aos poucos. A propósito, vou fazer uma participação no show de lançamento do CD da banda Watson, neste sábado (1/5), lá no Conic. O evento é de graça. Se der, aparece por lá.

    Abraços a todos e desculpem novamente a minha demora na resposta.

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  12. Fala Pinduca!

    Cara, acho que todo mundo gosta de escutar um som bonito, e tb gosta de improvisações inusitadas. O lance é que cada pessoa dá um valor diferente pra cada coisa.

    Cara, eu sou fãzasso do Richman. O show dele sempre foi tosquíssimo, e é esse o esquema. Acho que Nirvana é a mesma coisa. Daria tudo pra ter visto o show do Jonathan.


    Abração!
    Pedrinho Grana

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